Rebeldes sem causa!


Vivemos em um momento único da nossa história – eu, pelo menos, não me lembro de ter vivido ou lido algo parecido com essa nova geração RBD –, em que jovens rebeldes se unem sem uma causa, e não fazem nada mais. 

O grupo é formado essencialmente por mulheres atraentes e sexy usando minissaias e gravatas de colegial, se passando por adolescentes inocentes que estão apenas “descobrindo” a vida (fantasia erótica de qualquer “marmanjão”), e rapazes “boa-pinta”, gentis, românticos, carinhosos e apaixonados (características essenciais às garotas).

Em uma versão mexicana de Malhação, que, apesar de o enredo ser sempre o mesmo, ou seja, o casal bonzinho de apaixonados que são sempre atrapalhados pela vilã e seu comparsa – que no final ficam bonzinhos também –, sempre aborda uma situação que, de alguma forma, servirá de "conselho" para os jovens. Já Rebeldes mostra uma realidade bem diferente e distante da nossa, pois as personagens são todas filhas de empresários bem-sucedidos, estudam em colégios famosos e de qualidade e têm dinheiro para fazerem o que quiserem.

Talvez o dinheiro desses empresários seja o resultado de um dia de trabalho árduo de pais, que se esforçam demais para conseguirem comprar CD’s e mochilas do RBD para seus filhos, e vê-los felizes indo à escola dentro do padrão da moda. 

Sei da importância da literatura brasileira, mas acho que este é o momento das escolas investirem em leituras de textos biográficos, como os de Tiradentes, de Che Guevara e de Lampião – pessoas que lutaram e brigaram verdadeiramente por uma causa –, com o intuito de ajudar esses jovens a criarem um espírito crítico sobre a sociedade, seja ela em relação à TV ou, até mesmo, em relação ao nosso presidente. 

Nesse caso, como seria se todos nós nos rebelássemos contra a má qualidade da programação da TV brasileira?

Um brinde à todos!!! 
(texto publicado no jornal "Perdidos na Night" - Agudos-SP – versão impressa, em junho de 2006.)